Redação Correio Nagô
O cantor de pagode baiano Igor Kannário pode, sim, sair no carnaval de Salvador. Em contato com a produtora Show Mix Produções, o Portal Correio Nagô recebeu a informação de que não há nada decidido ainda sobre a possibilidade de o artista sair na festa deste ano, mas confirmam, em primeira mão, que segunda-feira (02/02) a população terá a informação sobre o caso.
Sobre a probabilidade de ser “vetado” da folia, o Príncipe do Gueto diz sofrer preconceito das autoridades baianas. “Eu não sei o que vai ser do meu Carnaval. Até agora eu não sei se posso tocar. E nem sei o motivo se eu sou um artista da terra. Vou fazer com que os gringos venham para a cidade. Soube que tem gringo chegando aqui e perguntando: “Quem é o barril dobrado?”. É Márcio [Victor] que é o barril dobrado? É Léo Santanna que é o barril dobrado? É Xanddy que é o barril dobrado? O barril dobrado sou eu, Igor Kannário. Querendo ou não. Eu preciso de ajuda. Direitos Humanos, Corregedoria Pública, estão acabando com a minha carreira e dizem que sou eu”, afirma para o Universo Axé.
Para a publicitária Luciane Reis, o artista é vítima de discriminação por cantar música que “amplia a voz de militantes negros e chama a juventude negra periférica baiana à reflexão”. “Dizem que Igor não pode sair no carnaval por que quem o segue traz violência. Como assim? Bell Marques até meados de 2010 era um artista que estimulava a briga em seu trio e desrespeitava qualquer processo histórico de blocos mais antigos. Sei por que acompanho Chiclete e já cansei de ver Bell estimulando as brigas. Um segundo argumento, é que Igor não pode sair no carnaval porque arrasta drogado”, diz Luciane.
Polêmica – O cantor baiano começou o ano de 2015 envolvido em polêmica, quando foi preso no dia 07/01 portando maconha. A produtora cultural Maylla Pita diz que a prisão do cantor está relacionada ao fato de Kannário ter como público as comunidades periféricas. “Igor kanário, meu filho, sabe onde o problema parece estar: você é pagodeiro, oriundo da periferia, cuja realidade está presente em tudo o que você produz”, pontua Maylla em página pessoal da rede social do facebook.
Em publicação feita na página pessoal do facebook, no dia 25 de janeiro, o deputado Emiliano José (PT) afirma: “Essas prisões injustas, comprovadamente absurdas, fizeram com que eu simpatizasse com ele. Preso duas vezes assim em tão curto espaço de tempo, dá pra desconfiar. Deixem o rapaz cantar, deixem ele ganhar a vida, deixem ele fumar a maconhazinha dele”, disse o parlamentar.
Fãs do músico solicitam pela rede social Instagram que as autoridades deixem o cantor desfilar na maior festa de rua do mundo. Em referência a “Tudo Nosso, nada deles”, música que Kannário canta e que afirma que vai ser o hit do carnaval, um internauta diz: “Tudo nosso, nada deles. Quem representa a favela….Igor Kannário”.
Para Pedro Caribé, mestrando em comunicação na Universidade de Brasília (UNB), a presença de Igor Kannário no Carnaval vai de encontro às estruturas conservadoras da festa. “O artista tem um discurso de enfrentamento, e a imagem que a festa quer passar é de harmonia, felicidade”. Segundo o jornalista, o cantor de pagode não é bem-vindo por que ele fala de assassinatos de trabalhadores que são mortos na porta de casa. “Esta situação choca com os poderes constituídos no carnaval”, comenta.
