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    Cozinheira AfroBrasileira – Empreendedorismo ancestral

    Correio NagôBy Correio Nagô4 de maio de 2016Nenhum comentário4 Mins Read
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    pierre-verger
    Foto: Pierre Verger

     

    É com a intenção de parafrasear o grande Mestre Pastinha, intelectual da capoeira, um dos principais mestres da história, que começo este encontro com vocês. Ele dizia que “Capoeira é tudo o que a boca come“, afirmando assim a Capoeira como alimento cultural. Para ele que vivia, respirava, comia, para ele que é a própria Capoeira, essa era a forma.  Imaginem então, o que é ALIMENTAR de fato. Preparar o alimento, cozinhar, servir, juntar-se à mesa na refeição. Quando a gente se alimenta, ingere a “vida”, o cotidiano na sua forma mais absoluta, ingere cultura. Conhece ou reconhece experiências. Alimentar, meus amigos, é um gesto de amor, é educar.

    No século XIX, já ganhadeiras, as negras brasileiras e africanas, mercavam alimentos nas ruas de Salvador, negociando, movimentando política, econômica e socialmente a cidade. Chegou um momento naquela época em que o mercado de alguns itens como frutas e açúcar, foi totalmente dominado por elas. Estavam presentes em todos os setores da economia de rua, mas sem dúvida, a maior força estava na venda de comida. Algumas mercavam tão bem que enriqueceram e se cobriram de ouro. Eram empreendedoras, mercavam politicamente, mas acima de tudo e em meio a todo contexto daquela época, elas resistiram. Transformaram o ato de mercar em algo muito maior e construíram um elo cultural universal entre sua terra mãe e o lugar onde estavam naquele “agora”. Eram perseguidas por sua tão expressiva e “multi” capacidade de articulação. Sabiamente circulavam, se aprimoravam, sobreviviam e fortificavam o laço, onde sentimento se transformou em herança e esse, em cultura.

    quando a gente 2

    Pra mim, particularmente, o tacho fervendo as “Bolas de Fogo”, simboliza algo tão absurdamente carregado de cultura, que merece ser citado, em maiúsculas e entre aspas. Neste tesouro afro-brasileiro que representa o nosso país na culinária mundial, está injetada uma bagagem que pode nos contar os fatos desde antes do século XVII até os dias atuais. Não há nome melhor para esta poderosa iguaria: Bola de Fogo. Esta é uma das expressões que demonstram a importância da preservação e do resgate, é daí que firmam-se necessárias referências. A nossa atitude hoje se baseia numa postura que configura princípios de identificação tão fortes, que ultrapassaram três séculos. Outro dia, auxiliando um professor num curso de acarajé e abará conheci duas mulheres, que nos olhos e palavras tinham, de forma mágica, a certeza de que dali tirariam suas independências. A mesma sensação que conheci quando me percebi na produção de cozinha. Senti em mim, e reconheci nelas a herança das ganhadeiras, que com seus tabuleiros, esses pequenos restaurantes verticais, como disse Lima em 2010,trouxeram para o Brasil as primeiras cozinhas de rua vistas por aqui.  Isto mostra a grande habilidade para negócios e o empreendedorismo ancestral presente nas mulheres afrobrasileiras. Nós abrimos portas e fazemos as coisas acontecer, de verdade. Este é nosso grito de liberdade.

    E acontece um pouco mais a cada dia que me identifico em cada prato que estudo e preparo. Em cada história lida, cada foto vista, cada pessoa encontrada. Eu me liberto estando aberta pra aprender e dividir com o outro o aprendizado, que neste caso rompe as barreiras culinárias e atravessa vários universos, principalmente pelo feminino negro. Servir é realmente prazeroso e engrandecedor, mas, permitir que a culinária quebre minhas correntes, é o maior ganho desta minha caminhada. Renascer através do estudo da minha origem, tendo a chance de conhecer meus ancestrais e me compreender como povoadora e hoje como agente cultural, assina em mim a grande certeza de que educação e informação são chaves para a modificação social, preservação e transmissão da nossa cultura. E é aqui que eu tomo a ousadia de me apropriar das palavras de Mestre Pastinha, “homemcapoeira”, que de forma totalmente particular expressou a importância de ingerirmos cultura.

    Digo que: – Comida é capoeira, e capoeira é tudo o que a boca come.

    Como cozinheira, pesquisadora, mãe e mulher negra, eu como cultura e me afirmo descobrindo a minha história. O maior objetivo de estar aqui agora é repartir e multiplicar entre nós, os ACARÁS desse tacho místico, borbulhante e parideiro de libertação.

    Texto: Lilian Almeida, especial para o Correio Nagô. Para conhecer mais sobre a chef e pesquisadora, acesse:  http://migre.me/tFFd6

     

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