Nos últimos cinco anos, o número de denúncias de intolerância religiosa aumentou 3.706%, de acordo com dados do Disque 100. Em 10 anos, a ONG Safernet Brasil recebeu e processou 264.436 denúncias de violações desta natureza na Internet. Embora existam relatos de discriminação e perseguição aos adeptos de diversas religiões, a intolerância religiosa, historicamente, persegue fiéis e signos das religiões de matriz africana, uma das múltiplas faces do racismo brasileiro.
Em 2015, a adolescente Kayllane Campos, 11, foi vítima de intolerância religiosa. A garota foi agredida a pedradas quando voltava de uma cerimônia de Candomblé. O caso de kayllane não é isolado. São constantes e estão, na maioria da vezes, ligados à onda conservadora que tem tomado o Brasil.

Para pedir que seja assegurado o direito à crença e o livre exercício de culto religioso, previsto na Constituição Federal, representantes de terreiros localizados no Engenho Velho da Federação, em Salvador, realizam a 12ª edição da “Caminhada pelo fim da violência, da intolerância religiosa, pela paz”. A concentração será no final de linha do bairro, a partir das 15h.
Com o tema “Professoras e professores, alicerces e pilares da educação”, este ano a caminhada faz uma homenagem aos educadores, com o objetivo de destacar a importância destes profissionais na formação cidadã, ética e responsável.
“A ideia inicial foi denunciar a ação dos cristãos, sobretudo, da Igreja Universal. Hoje, passou a ser também uma denúncia contra a omissão dos governantes para esses casos” conta o Prof. Dr. em Estudo Étnicos e Africanos da Universidade do Estado da Bahia Valdélio Silva.
Marcelo Nascimento é repórter do Portal Correio Nagô