“EU TÔ NA RUA, É PRA LUTAR, PELO DIREITO DO CABELO ENCRESPAR!”, estas foram algumas palavras de ordem entoadas nas ruas do Centro Histórico de Salvador, neste domingo (13), durante a 2ª edição da Marcha do Empoderamento Crespo. O evento reuniu cerca de 3000 pessoas.
“A marcha é contra o racismo, pela dignidade e pela autoestima. Para sermos inteiros, vivos e orgulhosos. É o uso da estética como ato político para desconstruir estigmas”, exclama uma das idealizadoras do movimento, em Salvador, Naira Gomes.
Para a educadora e mestranda em Estudos Étnicos Dailza Araújo, o momento é ímpar para a comunidade negra, pois valoriza tanto a estética quanto a história. “Assumir o cabelo crespo não é moda. É, antes de tudo, representatividade”, declara.

Enquanto retocava o batom, o estudante Marcelo Sales, 17, conta que sempre usou o cabelo natural, contudo tinha de lidar com resistência da família. “Tinha aquela coisa de dizer que cabelo era coisa de mulher e que eu teria de cortar. Esse ano, após um alisamento, fiz transição capilar e estou amando meu cabelo assim, crespo. Isso foi de um empoderamento tão grande para mim que mudou totalmente a minha autoestima”, assinala o adolescente.
Engana-se quem pensa que na Marcha participaram apenas crespas e crespos. Larissa Cristina, 14, já usou o cabelo natural, mas, segundo a adolescente não se adaptou. “Uso química há alguns anos. Já fiz transição e não gostei. Eu me sinto melhor com o cabelo liso”, conta a garota que relata que entre as colegas de escola ainda é bastante comum a prática de alisamentos.
Entre as autoridades presentes na Marcha estavam a secretária de Políticas para as Mulheres da Bahia Olívia Santana, a secretária de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) Fabya Reis, o deputado estadual (PT) Gilmar Santiago e o vereador Hilton Coelho (PSOL). Quem também acompanhou o cortejo foi o coreógrafo
Donminique Azevedo é repórter do Portal Correio Nagô
Foto: Imagem destacada – Danilo Umbelino