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    Andrade, Lula Pereira e a frequente rejeição do negro em cargos de poder

    Correio NagôBy Correio Nagô19 de junho de 2017Updated:24 de junho de 2017Nenhum comentário5 Mins Read
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    É normal assistirmos a diversos jogadores negros atuando pelos campos Brasil afora. O maior jogador de todos da história, Edson Arantes do Nascimento, é negro – por mais que não goste de tocar muito no assunto. Houveram, antes e depois de Pelé, outros exemplos de negros que encantaram torcidas enquanto estiveram dentro do campo: o primeiro na história da seleção brasileira, Arthur Friederich, foi responsável pelo gol do primeiro título canarinho e o maior do país enquanto o esporte ainda era amador. Nomes como Romário, Ronaldinho Gaúcho e Neymar, símbolo da atual geração merecem ser lembrados.

    Aqui na Bahia, como não lembrar de Baiaco, André Catimba, Paulo Rodrigues, Edílson e tantos outros que protagonizaram tantos épicos na Fonte Nova? É inegável que, como tantas outras coisas, o futebol se fez grande devido ao talento e esforço de inúmeros jogadores negros. O sonho de ser jogador alimenta o dia a dia de jovens comunidades afora que enxergam no esporte uma possibilidade de ascender na vida. De sobreviver.

    A carreira de jogador de futebol é tão intensa quanto curta. Após pendurar as chuteiras há quantidade considerável de atletas que continuam vivendo da bola, mas em funções diferentes: normalmente seguem carreira como técnico, outros tentam a vida como dirigentes de clubes e, obviamente, aqueles que deixam o futebol de lado.

    Seria, natural, portanto, que muitos jogadores negros se tornassem técnicos. Mas esse não é o atual quadro: dos 40 clubes que disputam as séries A e B do campeonato brasileiro em 2017 apenas 3 são comandados por negros: Atlético Mineiro e Botafogo, que jogam na primeira divisão e têm no topo de seus comandos técnicos Roger e Jair Ventura (filho do tricampeão mundial e artilheiro daquele certamente, Jairzinho Furacão). Na série B o único negro a comandar um clube é Hemerson Maria, técnico do Vila Nova.

    É impossível falar de falta de oportunidades para treinadores negros nos grandes clubes brasileiros sem citar o caso de Andrade: ídolo do clube como jogador, Andrade tem seu nome na história do Flamengo não apenas por atuar no esquadrão liderado por Zico na década de oitenta. Andrade é um dos três jogadores que mais levantaram a taça de campeão brasileiro na história, com cinco títulos, sendo quatro pelo Flamengo. Em 2009 assumiu o clube onde escrevera gloriosos capítulos de sua vida como técnico interino após a queda de Cuca ainda na 14ª rodada do Brasileirão daquele ano.

    Após bons resultados contra Santos e Atlético Mineiro, o treinador foi efetivado no cargo e levou o Flamengo até o seu primeiro e único título na era dos pontos corridos. Àquela altura, o clube rubro-negro não conquistava o Brasileirão desde 1992, quando o formato ainda era o de mata-mata. Foi o sexto Brasileirão vencido por Andrade, que se tornou o esportista mais vitorioso do certame. O primeiro como treinador e justamente no seu ano de estreia.

    Pouco menos de seis meses depois ele foi demitido do clube após o fracasso na Libertadores. À época, tinha 70% de aproveitamento no comando do clube e desabafou para diversos veículos de comunicação alegando que a decisão teria sido meramente política. Há controvérsias, mas esse não é o ponto do texto, onde chegarei no próximo parágrafo.

    O que esperar após a demissão de um treinador que ganhou a principal competição do país em seu primeiro ano como efetivo? Ainda mais quando o título vem fruto de uma arrancada espetacular do time nas últimas rodadas? A resposta mais óbvia seria: assédio de outros clubes e, consequentemente, novas oportunidades. Não foi o que aconteceu.

    Após a demissão do Flamengo, Andrade passou por clubes das séries B, C e D e nunca mais teve chances no primeiro escalão e atualmente comanda o Petrolina. Pode-se afirmar que nunca mais fez bons trabalhos como aquele de 2009. Contudo nomes como Vanderlei Luxemburgo, Geninho e Oswaldo Oliveira ainda têm as portas abertas clubes afora por conta de trabalhos feitos há dez anos ou até mais do que isso. Por que será que nomes como Andrade não possuem tanta facilidade de reinserção no mercado? E mais: tendo em vista que a maioria dos jogadores de futebol são negros, por que há tanto desequilíbrio entre a quantidade de brancos e negros no comando dos times? Isso para não falar nos dirigentes.

    “O pessoal do clube gostou do seu perfil, mas, me desculpe, você é preto”, foi a frase que outro treinador negro, Lula Pereira, ouviu de empresários de clubes após entrevistas para assumir vagas de treinador. No início de sua carreira ele fez estágios em Barcelona e Ajax, por exemplo. Atualmente está desempregado e desde 2012 não treina clube algum, após passagem pelo Ceará.

    Ser negro no Brasil é difícil em qualquer situação: estando no topo ou na base da cadeia o racismo sutil de cada dia dará um jeito de se manifestar. O futebol, que é um espelho social poderosíssimo, não poderia ficar de fora. Por mais geniais e protagonistas do espetáculos que sejam, os jogadores são espécies de operários da bola. É claro, ele pensam, executam e têm o poder de resolver as coisas no campo. Isso é incontestável. Contudo, o treinador é o comandante da equipe, tem o poder de organizar, montar, pensar, oferecer passe livre e barrar jogadores. É um cargo de poder dentro da estrutura do clube.

    E nós sabemos muito bem a resistência que o negro enfrenta para ocupar essas posições.

    Baiano de nascença, tem um orgulho de seu próprio sotaque: um dos maiores patrimônios que possui. Se apaixonou pelo Bahia antes mesmo de entender o próprio esporte. Além disso, estuda Comunicação Social com habilitação em Produção Cultural pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente é designer e colunista do Portal Correio Nagô.
    Baiano de nascença, tem um orgulho de seu próprio sotaque: um dos maiores patrimônios que possui. Se apaixonou pelo Bahia antes mesmo de entender o próprio esporte. Além disso, estuda Comunicação Social com habilitação em Produção Cultural pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente é designer e colunista do Portal Correio Nagô.

    O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor.

    esportistas negros futebol racismo no futebol
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