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    NOSSAS RESISTÊNCIAS NAS ESCRUZILHADAS

    Correio NagôBy Correio Nagô20 de junho de 2017Updated:24 de junho de 2017Nenhum comentário6 Mins Read
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    Mulher negra, moradora da Ilha de Itaparica, professora universitária e doutoranda em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia-UFBA, onde é integrante do projeto de pesquisa Traduzindo no Atlântico Negro (2014). Desde 2003, dedica-se ao estudo da Literatura Negra produzida no Brasil, e, mais recentemente, no Caribe, sempre voltando a sua atenção para obras publicadas por mulheres negras. Fez parte do conselho editorial da Ogums Toques (2015-2016). É feminista negra, crítica literária e já atuou como avaliadora dos textos publicados na antologia Cadernos Negros (2011- 2014). Inspira-se na luta e na resistência de nossxs ancestrais. Acredita na força da ancestralidade que rege os nossos Odus (destinos) e escrituras... Da ação da palavra agindo sobre os nossos corpos negros.
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    Mahin manhã

    Ouve-se nos cantos a conspiração
    vozes baixas sussurram frases precisas
    escorre nos becos a lâmina das adagas
    Multidão tropeça nas pedras
                      Revolta
    há revoada de pássaros
        sussurro, sussurro:
     “é amanhã, é amanhã.
         Mahin falou, é amanha”
    A cidade toda se prepara
            Malês
                Bantus
                    geges
                       nagôs

    (Cadernos Negros, Miriam Alves, 1998, p. 104)

     

    Por Cristian Sales

    Rebelião, insurreição ou motim. Conspiração. Ameaça. Subversão da ordem. Desobediência. Rebeldia. Rebuliço. Desassossego. Revolução. Munição. Mobilização. Ruptura. Multidão. Movimento social, político e cultural. Confrontos. Insurgências. Alianças. Alforria. Emancipação. Fé. Protagonismo. Insubmissão. Ancestrais. Corpos Negros. Ginga. Aqualtune. Zeferina. Luiza Mahin. Maria Felipa. Liderança. Utopia negra. Movimento de resistência coletiva.

    Dentro da perspectiva negro-africana, as palavras têm uma importante dimensão referencial, pois trazem consigo valores sagrados e, em sua constante ação-repetição, torna-se o repasse de múltiplos saberes. Saberes ancestrais que aprendi e evoco como meus guias. Para tal, reverencio essas forças, seus legados e busco me conectar a essa energia cósmica instalada entre visível e o invisível… Entre o Àiyê (terra) e o Òrum (céu). São os gestos iniciais de quem também carrega no corpo essa herança, vibra e dança com uma espada (Alfange) nas mãos. Para quem faz um convite a novas experimentações teórico-críticas impregnadas de axé, situadas dentro e fora do campo literário. Que os caminhos se abram para os nossos Levantes. Meu padê-palavras! Laroiê!

    Se Exu, dono das porteiras, é quem abre a outras possibilidades de leitura do real, do sensível, juntamos os nossos corpos negros e elevamos a melodia do nosso grito por justiça, reparação e buscamos demarcar um território. Sem perder o passo-compasso de nossas referências-raízes, sussurramos as dissonâncias e organizamos as nossas lutas nas encruzilhadas. Queremos ter mais espaço… já é tempo! É tempo…  Sigamos em frente!

    Em diálogo com episódios históricos, interessa-me ressaltar a importância dos levantes como uma das estratégias emblemáticas de resistência do povo negro na diáspora – tanto no campo subjetivo quanto no campo político e coletivo. Muitos Levantes Negros se configuraram como um dos mais expressivos episódios de luta contra os modos de opressão, dominação e exercício do poder pelo sistema colonial.  Essas revoltas negras desconstruíram uma série de narrativas subalternizantes disseminadas como verdades pela história oficial. No Brasil, nas três primeiras décadas do século XIX, ocorreu uma onda de insurreições de escravizadxs na Bahia, organizadas pelos povos haussás e nagôs, sendo que a mais conhecida foi a Revolta dos Malês, em 1835, conforme registra João Reis (2003).

    Corpos negros insurgentes que prepararam um terreno fértil em possibilidades para mulheres e homens que vieram depois. Corpos ancestres que fortaleceram os caminhos para outros e novos modos contemporâneos de rebelião. Assentaram a pedra-fundamento que rege as nossas memórias afetivas, histórias, escritas e destinos.

    Os Levantes Negros são a nossa fonte de resistência, aprendizado, inspiração e preservação da fé em nossxs ancestrais. Um legado ético-estético-político transmitido de geração em geração por meio da fala e da escuta, da escrita e da oralidade, cujas ressonâncias ganharam diferentes contornos.

    Foram e são linhas de fuga afro-negro-rizomáticas que se alastraram por toda a diáspora. Difundindo-se, se diluindo, se disseminando nos quilombos, nos terreiros, dentro das casas, nos movimentos negros e nos coletivos. Linhas moventes e abertas que explodiram em todas as áreas: na literatura, na cultura, nas artes, no feminismo etc. Elas geraram também novos territórios de ação presentes nos saurus, nos slams, nas editoras, nas livrarias, nas universidades e nas festas literárias, entre outros.

    Linhas-levantes movendo-se em várias direções, escapando pelos cantos da visão totalizadora da crítica tradicional e dos modelos hegemônicos de representação das diferenças.

    Quero evidenciar o efeito desses movimentos como uma tradição agenciada nos traçados, invenções e criações diversas, produzidas por intelectuais e artistas afro-diaspóricxs. Desejo enfatizar uma memória de luta e resistência que tem se reverberado em diferentes espaços, debates e situações cotidianas. Potencializar uma relação não só estética, mas também política de gestos, escolhas e atitudes. Para tal, vou destacar escritorxs, intelectuais, artistas, textos literários e outras produções culturais afro-negro-diaspóricas como heranças desses Levantes. Por isso, a escolha do nome-título não foi/é aleatória. Ela tem um significado ancestral. Recebi o sopro de vento-voz-palavra em meus ouvidos.

    E a nossa coluna Levantes Literários faz a sua estreia em um momento que considero muito especial. É um tempo de justiça! É um tempo de reconhecer uma das vozes negras mais importantes da literatura brasileira. O escritor negro Lima Barreto, um dos mais extraordinários intelectuais do século XX, será homenageado na 15ª Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece entre 26 e 30 de julho de 2017, na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro.

    A FLIP existe desde 2003, mas é primeira vez que um escritor negro se torna o grande homenageado da Festa. A edição deste ano também traz outra novidade, pois contará com a presença de mais mulheres e autorxs negrxs na programação principal. Além disso, em uma das mesas de encerramento, teremos ainda as participações das premiadas escritoras negras Ana Maria Gonçalves e Conceição Evaristo.

    Em 2016, durante a sua participação na 14ª FLIP, Conceição Evaristo, uma das principais vozes da literatura negra feminina no Brasil, ao lançar a coletânea de contos Histórias de Leves Enganos e Parecenças, publicada pela editora Malê, liderou um Levante contra a ausência de escritorxs negrxs na programação oficial: “nós estamos lendo uma nação em pedaços, uma nação incompleta”.

    Portanto, a Flip 2017 terá outras feições. Feições mais democráticas. É tempo de justiça, como eu disse… Mas “nenhuma porta nos é aberta por oferecimento. Todos os lugares em que estamos têm muito a ver com os nossos questionamentos e demandas”, afirma Conceição Evaristo. Todos os dias, nós temos que tramar outros Levantes. É um recurso de sobrevivência de nossos saberes. Todos os dias, nós temos que tramar novas Rebeliões, assim também falou Luiza Mahin. Ocupemos as encruzilhadas em todas as suas direções.

    Adupé as minhas velhas e aos meus mais velhos!

    [CARD] Colunistas_CristianSales
    Mulher negra, moradora da Ilha de Itaparica, professora universitária e doutoranda em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia-UFBA, onde é integrante do projeto de pesquisa Traduzindo no Atlântico Negro (2014). Desde 2003, dedica-se ao estudo da Literatura Negra produzida no Brasil, e, mais recentemente, no Caribe, sempre voltando a sua atenção para obras publicadas por mulheres negras. Fez parte do conselho editorial da Ogums Toques (2015-2016). É feminista negra, crítica literária e já atuou como avaliadora dos textos publicados na antologia Cadernos Negros (2011-2014). Inspira-se na luta e na resistência de nossxs ancestrais. Acredita na força da ancestralidade que rege os nossos Odus (destinos) e escrituras… Da ação da palavra agindo sobre os nossos corpos negros.
    O conteúdo desta coluna é de responsabilidade da autora.

     

     

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