A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta quinta-feira (25) a “excessiva utilização da força” pela polícia com manifestantes pacíficos que protestam contra as medidas de austeridade em países da União Europeia (UE).
No relatório “Atuação policial nas manifestações na UE”, divulgado hoje, e que inclui relatos de participantes de protestos na Espanha, Grécia e na Romênia, a AI também denunciou a ausência de sanções contra as forças de ordem responsáveis por estes abusos.
“Pessoas que se manifestam pacificamente contra as medidas de austeridade adotadas nos países da União Europeia foram atingidas, agredidas com pontapés, agredidas com gás lacrimogêneo e balas de borracha, num contexto em que a utilização excessiva da força pelos polícias não é alvo de qualquer investigação nem é sancionada”, declarou a Anistia Internacional num comunicado.
A organização de defesa dos direitos humanos criticou não só “a utilização excessiva da força contra manifestantes e jornalistas”, mas também “as detenções arbitrárias e os entraves de acesso à assistência médica”. A Anistia também “pediu aos governos para investigarem violações dos direitos humanos e impedirem que novos incidentes se produzam”.
A organização, com base em Londres, cita vários exemplos, designadamente Bucareste, Madri ou ainda Atenas, onde o jornalista Manolis Kypreos perdeu um olho depois de ter sido vítima de uma “granada incapacitante” quando fazia a cobertura de uma manifestação em junho de 2011.
Virginia Álvarez, responsável da AI para questões de direitos humanos, manifestou preocupação pelo fato de, sempre que há denúncias dos manifestantes contra a polícia, “não há mecanismos para a prestação de contas”, sendo que os “abusos” dos agentes ficam impunes.
Entre os protestos citou como exemplo o de Madri. de 25 de setembro, em torno ao Congresso dos Deputados e na estação de Atocha, onde, segundo a AI a polícia agrediu “de forma indiscriminada” passageiros e jornalistas que se encontravam ali.
Sobre a possibilidade de que o Governo proíba a transmissão na internet de imagens de agentes que os ponham em risco, a diretora adjunta da AI em Espanha, Eva Suárez-Planos, considerou que isso só aumentará “a impunidade” da Polícia.
“Os governos devem reafirmar claramente que os polícias não estão autorizados a recorrer à força senão em casos de estrita necessidade”, referiu Fotis Filippou, coordenador de campanha para a Europa e a Ásia central da Anistia Internacional.
“A polícia, que é geralmente o braço mais visível do Estado, deve conseguir conciliar a proteção do direito à liberdade de expressão e a manutenção da ordem pública”, adiantou.
Fonte: Portal EBC
