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    Apoio sul-africano contra remoções no Brasil

    Correio NagôBy Correio Nagô15 de novembro de 2013Nenhum comentário6 Mins Read
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    QueridoMandela_Reprodução“Nós queremos alertar os brasileiros: as pessoas foram removidas em nome do desenvolvimento. E o qual o significado dessa palavra? Nesse caso é beneficiar alguns, piorando a vida da classe trabalhadora”

    Seria só mais um cumprimento comum, não fossem as duas mãos envolvidas. De um lado, Altair Antunes, uma das lideranças da comunidade de Vila Autódromo, no Rio de Janeiro, cuja família já foi removida duas vezes do lugar onde morava e agora está ameaçada por mais um despejo, em função de interesses imobiliários. Do outro, o sul-africano S’bu Zikode, representante do movimento social em defesa de favelas Abahlali, ícone na luta contra a retirada de pessoas de suas casas para a preparação do país para a Copa do Mundo de 2010. Eles estiveram juntos na última quarta-feira (5) em uma sessão de exibição do filme “Prezado Mandela”, dirigido pela cineasta sul-africana Dara Kell e o norte-americano Cristopher Nizza, na PUC-Rio.

    Odocumentário mostra histórias de resistência de comunidades sul-africanas, que reivindicam o direito à moradia, fazendo frente à ação dos governos locais que acabam por priorizar a especulação imobiliária, removendo populações pobres de suas áreas de origem. Os cineastas e os membros do movimento Abahlali estavam no Brasil, semana passada, para acompanhar exibições do documentário. As sessões foram feitas em universidades e também em comunidades que estão passando pelo mesmo processo no Rio de Janeiro.

    Após as sessões, houve debates. E as falas dos sul-africanos revelam semelhanças claras com situações que os brasileiros também estão vivendo. “Na África, o povo também não foi convidado para a festa da Copa. Ainda há pessoas morando em contêineres, que seriam uma residência temporária para famílias removidas. O governo diz: não somos nós, é um pedido da Fifa. A Fifa diz: não somos nós, é o governo local o responsável pelas remoções. Nós queremos alertar os brasileiros: as pessoas foram removidas em nome do desenvolvimento. E o qual o significado dessa palavra? Nesse caso é beneficiar alguns, piorando a vida da classe trabalhadora. Nossa liberdade não vem de graça por helicóptero, temos que lutar por ela”, disse S’bu Zikode.

    No mês passado, dois representantes da Fifa estiveram no Rio de Janeiro acompanhando um debate sobre remoções organizado pelo Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas. Foram vaiados e muito questionados pelos presentes sobre as exigências da Fifa para a realização do mundial no Brasil e sobre a quantidade de remoções ocorridas na África do Sul. Diretor de comunicação da Fifa, Alexander Koch respondeu: “Na África do Sul, removiam as pessoas para quilômetros de distância de suas casas. Era péssimo para nós”, admitiu sobre a última Copa, negando, porém, a responsabilidade da Fifa nos impactos negativos das obras de infraestrutura feitas para os mundiais na África e no Brasil – a responsabilidade é do governo local.

    Nos dois países, a população fica no meio do jogo de empurra-empurra entre os governos e a Fifa. O jeito é organizar a resistência a partir de movimentos da sociedade civil. Foi o que afirmou Bandile Mdlalose, também membro do movimento Abahlali.

    Na Constituição, temos o direito à moradia. Mas, na prática, isso não funciona para os pobres. Nesse pós-Apartheid, o nosso governo se tornou um grande opressor. Se somos assassinados, ninguém investiga. Por quê? Porque não levam em conta a nossa morte. Por isso, fechamos ruas, gritamos, somos repreendidos. Enquanto a África do Sul enfrenta altíssimas taxas de pobreza, meu presidente tem cinco mulheres, mora em uma mansão onde a quinta mulher adora fazer festas. Nós temos que impor nossa voz democrática. Mesmo sendo brutalmente atacados e postos nas prisões, temos que lutar.

    Para os sul-africanos, os protestos que estão ocorrendo no Rio de Janeiro e em São Paulo (as duas cidades que eles visitaram) dão duas lições: uma é o quanto repressor os estados se tornaram. A segunda lição é que muitas comunidades estão descobrindo o poder que têm. As pessoas estão percebendo, que, em um país democrático, elas não podem ser excluídas para sempre das decisões. “Brasileiros são capazes de resistir. São capazes de lutar pela sua cidadania. O que está ocorrendo é um teste e uma oportunidade para colocarem em xeque seus direitos de falar e de decidir”, disse S’ bu.

    Altair Antunes, liderança no movimento da Vila Autódromo contra as remoções, concordou: “Passei por duas remoções na vida. Fui distanciado de meus companheiros de infância e adolescência. Em função de interesses econômicos, nossos governantes passam por cima dos seres humanos, de suas relações com o território e com as outras pessoas. É muito grave o que está ocorrendo no Rio de Janeiro, disse Altair, ao lado de José Martins, da Rocinha, que acrescentou: “Em termos de justiça social, o Brasil não é diferente da África do Sul. Aqui na Rocinha querem fazer um teleférico que diz não à nossa luta pelo saneamento básico”.

    A documentarista Dara Kell lembra que o processo de produção do “Prezado Mandela” durou quatro anos e acompanhou as obras para a Copa do Mundo de 2010. A escolha dela em contar a história do Abahlali veio do fato de que o movimento não é um partido político, nem está ligado a sindicatos, nem ONGs, nem empresas. Trata-se de uma reação da população – especialmente de jovens – contra a varredura que estava sendo feita na África do Sul para embelezar e abrir novas áreas para o mercado imobiliário, além de cumprir exigências da Fifa. Milhares de pessoas foram removidas de suas casas.

    Dara, que cresceu no país durante o regime do Apartheid, conta que o filme foi um aprendizado sobre a cultura e as diversas comunidades especialmente da capital do país: “Como uma mulher branca, eu sequer entrava em áreas onde negros moravam. Então, sabia pouquíssimo do meu país. As notícias não chegavam a nós. Foi só na produção do documentário que descobri quantas pessoas estavam sendo removidas para a realização da Copa em Cape Town. É um assunto muito delicado. Vi o direito humano mais básico, de moradia, sendo completamente violado pelo Estado. E me parece que no Brasil acontece algo muito similar”.

    Fonte: Brasil de Fato

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