Autor: Nilton Luz

Residente em Salvador, 27 anos, militante do movimento negro e LGBT. Estudante de Economia da Universidade Federal da Bahia, foi Diretor de Combate ao Racismo do DCE da UFBA (Gestão 2007/2008). É atualmente Coordenador de Organização da Rede Nacional de Negras e Negros LGBT. Representa a entidade no Comitê LGBT da Bahia.

Daniela Mercury começa a enterrar a ideia de sair do armário O amor não é seu Não é meu nem de ninguém O amor só quer amor Não importa de onde vem Não é mal nem é bem O amor ninguém mandou O amor não é meu Não é seu nem de ninguém (“Amor de Ninguém”, Jorge Papapa) Basta colocar na balança o que produz mais efeito contra a homofobia: a saída do armário de Ana Carolina, as declarações pós-identitárias de Maria Gadu ou a declaração de amor de Daniela Mercury. Ana Carolina afirmou sua bissexualidade, seguida de um famoso…

Read More

A proposta de limitar os poderes do Supremo Tribunal Federal ganhou força entre os parlamentares e tem sido capitaneada pela bancada evangélica sob ameaça da própria laicidade do Estado brasileiro, mas parte expressiva da sociedade e dos juristas a defendem sob o argumento do “ativismo judicial”. O conceito de ativismo judicial empregado nos debates políticos não é o mesmo que a doutrina jurídica convencionou, relacionado à discricionariedade de decisões judiciais para acelerar, travar ou reverter mudanças sociais. Confunde-se essa noção com fenômenos recentes de judicialização da política e exposição midiática do STF. E a confusão de interpretações alia distintos interesses…

Read More

Por que manter Feliciano na presidência quando os fundamentalistas têm a maioria dos membros da Comissão de Direitos Humanos? Após 3 semanas ininterruptas de pauta negativa na mídia, os setores progressistas e ponderados da Câmara não conseguiram convencer o deputado Marco Feliciano a renunciar ao cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos, mesmo com os desgastes na mídia e nas ruas. Como já era previsto, a cultura do compadrio vigente no parlamento não abre a possibilidade de obrigá-lo a sair da função, e uma saída institucional torna-se improvável. Sobraram as ruas, que deveriam estar desmobilizadas após três semanas de…

Read More

Não é de hoje que o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, tem irritado os setores progressistas com as opiniões mais conservadoras da Corte. Agora ele parece estar magoado com as acusações de “judicialização da política” brasileira. Fux tentou imputar ao próprio Congresso a responsabilidade única pela suprema intromissão nos assuntos do Parlamento. O ministro se queixou do mandado de segurança impetrado por deputados federais que questionam a sessão que elegeu o atual presidente da Comissão de Direitos Humanos, Marco Feliciano. A sessão fechada feriu o regimento interno da Casa. Os advogados dos parlamentares não deixaram de notar a…

Read More

A reação dos segmentos progressivos à entrevista de um pastor fundamentalista transformada em debate com alta audiência e enorme repercussão mostrou os equívocos e as limitações do enfrentamento direto. Se, por um lado, a “estratégia” aumenta a parcela da sociedade que rejeita os excessos do evangelicismo, por outro instiga os evangélicos a se verem representados naquela figura. O enfrentamento é importante para que a opinião radicalista não se imponha, mas é preciso escolher o alvo das críticas. Quanto mais respostas e ridicularizações descontruíam o pastor, mais difícil era entender porque ele se tornara nossa referência negativa. Ou estamos sendo derrotados…

Read More

As notícias boas vieram dos Estados Unidos. O país reelegeu o primeiro presidente negro de sua história – e da história das potências capitalistas. As eleições americanas valeram como um referendo sobre um projeto bem-sucedido dirigido por um homem negro. Os racistas sabiam disso e fizeram o impossível Obama venceu levando os jovens, as mulheres, negros, hispânicos e LGBT às urnas contra o conservadorismo. As mulheres conseguiram ampliar sua representação na Câmara Alta para 20 cadeiras, dentre elas a primeira senadora lésbica assumida, Tammy Baldwin. Outras vitórias históricas se deram por referendo: os estados do Maine, Maryland e Washington aprovaram…

Read More

Os leitores da pesquisa sobre relações homoafetivas em Salvador, realizada pelo Instituto Futura, se depararam com uma cidade mais conservadora do que poderiam imaginar. O número de pessoas favoráveis a relacionamentos entre pessoas do mesmo gênero (na verdade, a maioria está fora dos padrões de gênero) já é maioria no Brasil, mas em Salvador cai para 33%. E esse número ainda é 4% menor do que na pesquisa anterior. (Não sei se a pesquisa segue a metodologia das demais.) Uma parcela grande de pessoas se declarou indiferente. Se ela for ignorada, os “votos válidos” da maioria das pessoas seria…

Read More

Na Bahia, os assassinatos de casais estão se tornando frequentes. Dois irmãos identificados como casal gay foram assassinados em Camaçari em junho. Na mesma cidade, um casal lésbico foi assassinado em agosto. Menos de dois meses depois, um novo caso contra um casal lésbico causa espanto e revolta (e aumenta o medo) na comunidade LGBT e preocupa no movimento LGBT.  A jovem foi assassinada a facadas após recusar um flerte de um homem identificado como Alan. O assassino e um parceiro invadiram a casa onde ela morava com a companheira e as esfaquearam. A outra jovem, de 22 anos, sobreviveu.…

Read More

Comparados com aos conservadores brasileiros, os americanos são absolutamente severos. Eleitores e partidários dos republicanos são capazes de promover mobilizações em enterros de pessoas LGBT e execram quaisquer programas sociais para os mais pobres. A novidade é a reação popular e libertária da esquerda americana, muito além dos discursos tacanhos de congêneres brasileiros, que há bem pouco tempo atrás torciam o nariz para as possibilidades de existência da esquerda nos EUA. A esquerda brasileira se acostumou a criticar os democratas pela gestão liberal da economia, e procura referências à esquerda, mesmo que sem expressão. Quando os EUA elegerem seu primeiro…

Read More

Não poderia comentar outro assunto em minha primeira postagem nesse espaço do Correio Nagô. O brutal assassinato de um casal de mulheres em Camaçari, no sábado 25 de agosto passado, é uma cruel demonstração de como estão entrelaçados os marcadores sociais das desigualdades. E, embora o crime não tenha evidência aparente de racismo, acredito que machismo e lesbofobia devem nos causar indignação suficiente.O duplo assassinato ocorreu às vésperas do dia da Visibilidade Lésbica, 29 de agosto, como uma demonstração do vigor da lesbofobia como tema a ser debatido em sociedade. Na mesma cidade, em junho passado – e às vésperas…

Read More