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    Home»Politica»Coletivo de escritores negros lança carta de repúdio contra Feira de Frankfurt
    Politica

    Coletivo de escritores negros lança carta de repúdio contra Feira de Frankfurt

    Correio NagôBy Correio Nagô13 de outubro de 2013Updated:13 de outubro de 2013Nenhum comentário6 Mins Read
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    Redação, Correio Nagô – No último dia 10 de outubro, escritores e militantes do movimento negro escreveram um manifesto de repúdio contra a baixa presença de escritores negros na Feira de Literatura de Frankfurt que nesta edição homenageou o Brasil.  A seleção dos autores foi feita pelo Ministério da Cultura e indicou apenas um escritor negro, o autor do livro Cidade de Deus, Paulo Lins.

    Confira o manifesto:

    O Coletivo Literário Ogum’s Toques Negros e xs escritorxs negrx-brasileirxs subscritxs vêm, com esta nota, repudiar a ausência quase absoluta de autorxs negrxs entre xs selecionadxs para representarem a Literatura Brasileira na Feira de Frankfurt, edição 2013. Entre as diversas preocupações deste Coletivo Literário, encontram-se a divulgação e o cultivo da memória dxs artífices da literatura negro-brasileira, principalmente xs que começam a publicar a partir dos anos 1970 e já ganham amplitude nacional e internacional na década seguinte. Além disso, visa contribuir com a possibilidade de que novos nomes possam emergir, a despeito das dificuldades colocadas não só pelo mercado editorial, mas, infelizmente, por cerceamentos oficiais como o exposto aqui, já que a Feira alemã, dentre xs 70 escritorxs escolhidos, conta apenas com um escritor negro, Paulo Lins.

    O diário alemão “Süddeutsche Zeitung” denuncia que a lista realizada pelo MinC não mostraria a diversidade da produção literária brasileira (Matéria do Segundo Caderno do jornal O Globo, de 02/10/2013), e pergunta à delegação oficial brasileira sobre os critérios adotados para elaboração da mesma. Os argumentos apresentados pelo curador Manuel da Costa Pinto de que privilegiou o mercado editorial brasileiro, “não se rendeu a critérios extraliterários” e “não usamos cotas” são facilmente refutados.
    O Ministério da Cultura está submetido ao Estatuto da Igualdade Racial, no qual se caracteriza como discriminação racial ou étnico-racial “toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objetivo anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada”. Fundamental enfatizar que este MinC é responsável pelo acompanhamento da implementação das leis nºs 10.639 e 11.645, portanto não constitui exceção na obrigação de promover políticas culturais e educacionais de difusão da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena, e isso, indubitavelmente, passa por uma política editorial que contemple de forma efetiva a diversidade que o MinC adota como discurso.
    As alegações da Ministra da Cultura do Brasil são ainda mais criticáveis, pois demarcam uma “ignorância oficial” nociva, fonte de um racismo institucional que opera de modo a legitimar a exclusão étnica que aqui revelamos. Além de dar a entender e verbalizar uma espécie de estágio ainda embrionário da literatura negra, expressando que quem sabe num futuro teremos mais autores negros em um evento de grande porte como a Feira de Frankfurt, a ministra afirma literalmente à Folha de S. Paulo (2/10/2013) que: “o critério não foi étnico, o critério foi outro e eu achei correto. O primeiro era a qualidade estética, depois autores que tivessem livros traduzidos para o alemão e língua estrangeira”.

    feira-frankfurt-2013

    Foto: PPA Berlin
    Desde a década de 70 do século XX, no Brasil, proliferam publicações individuais e coletivas de prosa e poesia, ensaios e encontros literários negros, ou seja, nos anos 1980 a literatura negro-brasileira já passa a frequentar debates acadêmicos e rasurar o cânone literário. Além disso, é atualmente estudada nos EUA, Portugal e outros países da Europa, especificamente na Alemanha. Em 1988, ano do centenário da abolição da escravatura no Brasil, foi publicada a antologia SCHWARZE POESIE – POESIA NEGRA, organizada pela Profª Drª Moema Parente Augel (Universidade Bielefeld/Alemanha), em edição bilíngue português-alemão, sob a chancela da Edition Diá, St. Gallen/Köll, tendo sido esgotada a primeira tiragem em apenas três meses de circulação em solo germânico. Estão incluídxs nesta antologia os seguintes poetas: Abelardo Rodrigues, Adão Ventura, Arnaldo Xavier, Cuti, Éle Semog, Geni Guimarães, Jamu Minka, Jônatas Conceição da Silva, José Alberto, José Carlos Limeira, Lourdes Teodoro, Márcio Barbosa, Miriam Alves, Oliveira Silveira, Oswaldo de Camargo e Paulo Colina.
    A antologia obtém rápido sucesso de crítica e público na Alemanha. Em virtude disso, alguns/mas dxs autorxs percorrem diversas universidades germânicas para falar sobre literatura do Brasil e a condição dx escritxr negrx brasileirx. Além disso, elxs têm textos recitados em rádios locais e até um disque-poema foi disponibilizado para xs interessadxs em conhecer a poesia dessxs autorxs. Toda essa repercussão desde aquela época é responsável pela atual edição no formato e-book da SCHWARZE POESIE – POESIA NEGRA pela editora alemã Diá e motivo de lançamento na própria Feira de Frankfurt 2013. Ou seja, uma editora alemã, com fins comerciais, publica literatura negro-brasileira na mesma Feira em que o governo brasileiro se recusa a fazê-lo, sob o argumento editorial de que não há mercado, não é rentável.
    Para além do epistemicídio e do racismo institucional que tal postura desvela, a partir da violação de direitos constitucionais, acrescentamos a perversa relação que há entre as grandes editoras – capital privado –, seus catálogos e o apoio estatal evidenciado na lista da Feira de Frankfurt/2013. Por esses motivos, reafirmamos nossa posição contrária a qualquer ação ou evento que signifique e que resulte na exclusão da literatura negra nos anais culturais nacionais e internacionais.

    Salvador, dia 10 de outubro de 2013

    Subscrevem,

    Abelardo Rodrigues
    Akins Kinte
    Aldair Arquimimo
    Allan da Rosa
    Alex Ratts
    Alex Simões
    Claudia Santos
    Conceição Evaristo
    Cuti
    Deley de Acari
    Denise Guerra
    Dóris Barros
    Eduardo Oliveira
    Ele Semog
    Elias Goncalves Pires
    Elizandra Batista de Souza
    Fabio Mandingo
    Fernanda Felisberto
    Francisco Antero
    Goli Guerreiro
    Guellwaar Adún
    Hamilton Borges Onirê Walê
    Hildália Fernandes
    Joel Rufino
    José Carlos Limeira
    José Henrique de Freitas Souza
    Kitabu Livraria Negra
    Landê Onawalê
    Lia Vieira
    Lívia Natália
    Marciano Ventura – Ciclo Contínuo Editorial
    Mel Adún
    Michel Yakini
    Miriam Alves
    Nei Lopes
    Nilo Rosa
    Oswaldo de Camargo
    Paulo Roberto dos Santos
    Priscila Preta
    Raquel Almeida
    Ricardo Riso
    Rita Santana
    Ronald Augusto
    Samuel Vida
    Sérgio Sergio Ballouk
    Silvio Oliveira
    Togo Ioruba
    Valmiro Oliveira Nunes
    Vânia Melo

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