“É muito importante a iniciativa da gente confeccionar as peças e nós mesmas desfilarmos. Nós não somos manequins. Temos o corpo da mulher negra, baiana, mãe!”, conta, emocionada, Rita Pinheiro, integrante do Terreiro do Bogum. Rita é umas das mulheres participantes do empreendimento de moda afro Laços de Mãe, que neste sábado (07) vai lançar a coleção “A Deusa que habita em cada uma”, em um desfile na loja CESOL (Centro Público de Economia Solidária) do Salvador Shopping (L2), às 14 horas.

As roupas serão apresentadas pelas próprias integrantes do empreendimento, que vão estrear na passarela, desfilando uma moda que reflete a cultura afro-brasileira, com tecidos de caça, panos africanos, valorizando a mulher negra.
“É muito gratificante participar desse desfile, além de elevar nossa autoestima de estarmos na passarela lindas e belas mostrando um produto do nosso empreendimento que representa uma cultura. E como diz o nome da Coleção vamos apresentar a deusa que habita em cada uma de nós”, acrescenta Rita Pinheiro.
O empreendimento é resultado de um processo que começou em 2016, nos terreiros de candomblé Tanuri Junsara e Cobre, no Engenho Velho da Federação, por meio do “IPA – a força empreendedora das mulheres”, um projeto de fomento à economia solidária executado pela organização não-governamental Avante – Educação e Mobilização Social, que reuniu mulheres negras em uma formação múltipla sobre gestão, viabilidade socioeconômica, costura e design, acompanhadas por uma psicóloga social.
O desfile encerra o ciclo do projeto, inaugurando a autogestão do empreendimento, que passa a caminhar com as próprias pernas.
MATRIZ AFRICANA
Mesclando a moda tradicional de terreiro com a moda contemporânea, o Laços de Mãe criou uma produção não só para quem está ligado ao candomblé. E com o diferencial de ser um empreendimento baseado na economia solidária, fundamental para o desenvolvimento social. Embora a primeira coleção traga peças femininas, o empreendimento também produz moda masculina, para que mulheres e homens possam expressar sua negritude.
A iniciativa contou com o apoio financeiro da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), por meio da Superintendência de Economia Solidária (SESOL).
Donminique Azevedo é repórter do Portal Correio Nagô.