Manifestantes contrários ao presidente do Egito, Mohamed Mursi, atearam fogo nesta quarta-feira (05/12) a prédios pertencentes ao seu partido, o Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, nas cidades de Ismailia e de Suez. Pelo menos oito pessoas ficaram feridas. Os ataques acontecem horas depois de confrontos entre manifestantes a favor e contra o governo, diante do palácio presidencial, na capital Cairo, que deixou 126 feridos, segundo o Ministério da Saúde.
Os protestos ocorrem principalmente em razão da aprovação, pela Assembleia Constituinte, de uma minuta da Constituição que recebeu desaprovação dos setores ,aicos e seculares da sociedade egípcia.
Os opositores de Mursi exigem o cancelamento do referendo da Constituição, marcado para o próximo dia 15, e o fim de uma decreto aprovado em 22 de novembro que exime qualquer decisão presidencial de decisões judiciais, dando-lhe plenos poderes para governar e desequilibrando os poderes.
Conflitos
Nos protestos do Cairo, grupos opositores a Mursi protestavam pelo segundo dia consecutivo em frente à sede do governo quando foram atacados por apoiadores do presidente, armados com paus e com pedras, segundo testemunhas. As forças de segurança reagiram com gás lacrimogêneo a ataques com coquetéis molotov.
A Irmandade Muçulmana pediu “Os manifestantes devem se retirar ao mesmo tempo e se comprometer a não voltar para lá por causa do valor simbólico do palácio”, disse Mahmud Ghozlan, uma autoridade da Irmandade.
Na praça Tahrir, centro da capital e local preferido para a realização de protestos na cidade, centenas de oposicionistas permanecem acampados. Nesta quarta, também foram registrados ataques ao acampamento.
Três conselheiros do governo egípcio renunciaram, ainda nesta quarta. Seif Abdel Fattah, Ayman al-Sayyad e Amr al-Leithy apresentaram suas renúncias, elevando para seis o número de funcionários da Presidência que deixaram seus cargos após o decreto de Morsi.
O premiê do Egito, Hisham Kandil, pediu calma e diálogo. Ele instou os manifestantes a deixarem o entorno do palácio presidencial e “dar uma chance aos esforços feitos agora para iniciar um diálogo nacional”.
Mais cedo, o vice-presidente do Egito, Mahmud Mekki, disse nesta quarta-feira que o gabinete está disposto a ajustar emendas à nova Constituição, desde que o texto seja referendado no próximo dia 15, conforme previsto.
Pela proposta, o documento firmado por governo e oposição vigorará até o começo do ano que vem, quando será eleito o novo Parlamento, que oficializará as emendas.
Um dos principais líderes da oposição, o Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, da FSN (Frente de Salvação Nacional) disse que Mursi é “completamente responsável” pela violência, e que ele perde sua legitimidade “dias após dia”. Ao lado do diplomata Amir Moussa, ex-diretor da Liga Árabe, e do candidato derrotado na última eleição, Hamdin Sabahi, também da FSN, disse que a oposição está pronta a negociar se o decreto e o referendo forem cancelados.
No entanto, o vice-presidente egípcio, Mahmud Mekki, confirmou o referendo para 15 de dezembro e que a oposição deixe suas queixas “por escrito”.
Fonte: Opera Mundi