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    Costela quebrada: o machismo como enfermidade

    Correio NagôBy Correio Nagô23 de junho de 2017Nenhum comentário4 Mins Read
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    Por Karine Santana*

    Em uma civilização cuja constituição foi consagrada historicamente mediante exaltação ao homem, subalternizando a existência da mulher a partir do corpo deste e sob a alegação de que os infortúnios vividos pela humanidade se manifestam pelo consumo da fruta proibida induzido pela mulher, tem-se aí a legitimação do adoecimento masculino.

    Ao se professar tal constituição de forma a catequizar e impor uma lógica social de privilégios demarca-se a legalização do machismo. Quando um indivíduo é projetado para não poder chorar, não sentir dor ou demonstrá-la, não verbalizar seus sentimentos, quando precisa apresentar publicamente, em números, a expressão da sua sexualidade, falar alto, resolver os problemas com a força física, se negar aos afazeres domésticos, ser o provedor inquestionável e inabalável e ainda ter que gerar descendentes para perpetuar este legado, não poderia apresentar um desfecho diferente: a patologia, o machismo, compondo a história natural das doenças. Os agentes patógenos estão por toda parte, garantindo aos hospedeiros a condição necessária para a manutenção do ciclo.

    [CARD] Matéria-01Estes agentes atravessam a barreira de mielina, se instala no cérebro e produz alteração nas sinapses nervosas, as quais comprometem o estado de sanidade do hospedeiro. Este apresenta como sintomas sentimento de posse, irritabilidade, sensação de superioridade, e agressividade. A manifestação destes sintomas na fase aguda da doença ocorre por meio da negligência com os filhos, da agressão física e psicológica contra a mulher e do feminicídio. A fase crônica da doença tem promovido no hospedeiro elevados índices de suicídio, alcoolismo e câncer de próstata.

    Apesar de apresentar os sintomas patognomônicos, é importe atentar para o diagnóstico diferencial para o entendimento da endemia. Como diagnóstico diferencial é importante considerar que não se trata de uma manifestação clínica isolada ou transtorno de personalidade, tão pouco um surto do “homem de bem”.

    Em relação ao tratamento, tem-se utilizado a implementação de leis, debates, fóruns, campanhas e projetos. Os resultados esperados ainda estão longe de ser alcançados frente aos indicadores de morbimortalidade e a alta letalidade da doença. Cabendo, ainda mencionar uma avaliação da vigilância epidemiológica para a sistematização das notificações, de modo a garantir o processo de investigação e acompanhamento dos casos.

    A epidemiologia do machismo se avalia pelos índices do feminicídio que crescem de forma exponencial. De acordo com o Mapa da Violência publicado em 2015, em 2013 foram registrados pelo Sistema de Informação de Mortalidade 4.762 homicídios de mulheres, 1583 destas mulheres morreram pelas mãos de seus companheiros ou ex-companheiros. De acordo com a pesquisa, isto representa 33,2% do total de homicídios femininos no referido ano, perfazendo um total de quatro mortes por dia.

    Quando a avaliação é realizada mediante o recorte racial, fica evidente a vulnerabilidade das mulheres negras. No período de 2003 a 2013, o número de homicídios de mulheres brancas apresentou uma queda de 9,8%; em relação aos homicídios de mulheres negras houve um aumento de 54,2%, saindo de 1.864 para 2.875 mortes.

    grafico2-negrasO prognóstico é assustador e urge uma ação sistemática de enfretamento e conscientização / punição do hospedeiro, além de ações efetivas de educação em saúde com foco na prevenção para bloquear a disseminação dos agentes patogênicos. A realização destas ações envolve diversos atores, como profissionais da saúde e do direito, educadores e mobilizadores sociais.

    Quando as ações irão ultrapassar o mês de novembro? Colorir o mês e abrir as unidades de saúde aos sábados não vai dar conta do alcance do machismo. E aí fica a pergunta: qual é o número? Quantas Helem Moreira precisarão morrer para que algo seja feito de forma direcionada sobre estes assassinatos?  

    Qual é o número?

    *Karine Santana é Sanitarista, Doutoranda em Medicina e Saúde (Ufba)

     

    feminicídio machismo sociedade patriarcal violência contra a mulher
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