O nome sugere um novo sistema: Magic System. Mas não é um sistema mágico, no sentido transcendente do termo, o que este grupo musical da Costa do Marfim se propõe a conceber. A proposta, pelo contrário, é contribuir ativamente para concretizar uma realidade educacional na África diferente da que existe hoje.
Salif Taoré, um dos seus integrantes, se tornou em setembro do ano passado embaixador da Boa Vontade da Unesco, e num gesto de amor à África cedeu, anteontem, em cerimônia especial na sede da instituição, em Paris, os direitos autorais da música Savoir (“Saber”, em francês), uma espécie de manifesto a favor da educação, que em seus primeiros versos questiona: “como se pode crescer, se não se aprende a ler?”.
O cantor mobilizou outros artistas africanos para a gravação de um clipe, que está disponível no youtube, e mescla imagens de escolas africanas com a execução em estúdio da música-tema.
Numa atmosfera de ato humanitário, que visa mobilizar as sociedades para “o fato de que o saber é indispensável para todo ser humano”, explica Taoré, o clipe vai ser disseminado na África, e os cantores que participaram da sua gravação estão comprometidos a incluí-lo nos repertórios traçados para os seus respectivos shows.
Em entrevista coletiva, após a entrega dos direitos autorais de Savoir nas mãos do chinês Qian Tang, vice-diretor geral da Unesco para Educação, o músico Salif Taoré disse que acredita que o saber é o canal de contato com a libertação, e afirmou: “a prioridade em torno da melhoria da educação na África precisa acontecer já”.
Adepto da ideia de que crianças não precisam ter poder, mas sim conhecimentos, Taoré anunciou o projeto de construção de uma escola no qual ele e seu grupo estão envolvidos, e repetiu emocionado em tom de palavra de ordem um dos versos mais marcantes da música cedida a Unesco: “construir uma escola é fechar uma prisão”.
Por Sarah Carneiro, de Paris, para o Portal Correio Nagô
Foto: Luciano Fogaça
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