A partir de agora, nossos leitores terão a companhia de Lilian Almeida. Ela que é cozinheira autodidata de mão cheia, e que tem como foco do seu trabalho a culinária Afro-brasileira, assina agora artigos sobre o tema para o nosso portal.
Com a intenção de gerar mais conteúdo escrito por mulheres sobre a culinária afro-brasileira, Lilian iniciou uma pesquisa que logo se reverteu num grande encontro consigo mesma. Começou a conhecer mais sobre a sua origem, a se reconhecer como potente agente cultural e modificadora.
“Algumas portas se abriram e me mostraram um lado muito bonito e positivo da minha origem de forma libertadora e efetiva. Com isso, um trabalho que imaginei inicialmente para cunho científico, deu vez a minha libertação como mulher negra no mundo.”
A cozinheira, transita da culinária vegetariana à sua especialidade, culinária afro-brasileira e alia isso a muita leitura, cursos, práticas, pra que a partilha da boa informação, fonte que a tem resgatado, possa da mesma forma chegar a outras pessoas.
COZINHA E LIBERTAÇÃO
Nos últimos onze anos, Lilian passou por várias praças e setores de cozinha, em cursos, em restaurantes e ao lado de grandes chefes em Salvador e em São Paulo, até se encontrar em afro-brasileirismos e se identificar plenamente. Hoje, dá aulas, escreve, faz jantares, eventos e aproveita da forma mais ampla possível oportunidades que lhe permitam expandir a informação.
“Conhecer a história do meu povo, e perceber o imenso potencial humano (intelectual, científico, psicológico, físico, político, filosófico, artístico, culinário, etc) que meus ancestrais trouxeram com eles, e que trago no meu sangue, me fez reconhecer e desabrochar em potencialidades. Conhecer sobre a minha origem me faz perceber que somos sim os principais povoadores e contribuintes socio-culturais deste país. O que não nos foi omitido, foi contado de forma mentirosa. Estamos aqui agora para abrir espaço à verdade, à reconstrução e à manutenção de uma nova autoestima, baseada na realidade.”
AFRIKANABAHIA
É o nome do projeto onde ela mostra as descobertas de sua pesquisa . São inesgotáveis as fontes de informação positiva, e que acabam por desabrochar em algo muito além da culinária, atravessando por diversas áreas da cultura negra.
“Através do que se come hoje, 127 anos depois do “fim da escravidão” por estas bandas, ainda podemos contar o que aconteceu aqui.Podemos até desvendar o que acontecia na África antes mesmo de nossos antepassados serem arrastados pra cá. O que eu faço nada tem a ver com assinatura de trabalho ou ser reconhecida pelos meus pratos. Tem mais a ver com a descoberta da minha origem e da minha história. Eu tento sempre colocar o máximo de Amor e extrair o máximo de sabor dos ingredientes que uso, e me sinto grata e feliz quando vejo a alegria nos olhos de quem experimenta minha comida. Mas o que eu faço mesmo no meu trabalho, é falar com muito orgulho de onde eu vim. Espero poder contribuir da melhor forma na vida dos que me cruzarem pelo caminho”.
Texto de apresentação de Fernanda Ribeiro, conhecida por Fernanda Amaru, historiadora, pedagoga e educadora popular.
Leia nesta quarta-feira, 04 de maio, primeiro texto de Lilian Almeida, exclusivo para o Correio Nagô.
Para experimentar os feitiços destas doces mãos e histórias, acompanhe Facebook – Lilian Almeida, Instagram – Donalilialmeida, e agora também por aqui, pelo Portal Correio Nagô.
