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    Negritude e Homossexualidade

    adminBy admin7 de setembro de 2012Nenhum comentário5 Mins Read
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     Ser negro no Brasil ainda é um desafio, os fatores são diversos. Existem ainda muitos resquícios de uma sociedade que se organizou em torno do escravismo. São esses resquícios de dominação que impôs sobre populações de africanos e descendentes, estigmas crucias de rejeição, discriminação e exclusão. É com esses restos de passado que uma cultura vai se formando, bem como a subjetividades dos indivíduos.

     

                A cultura dominadora ainda é a da “Casa Grande”, repleta de valores etnocêntricos, brancos e excludentes, essa cultura define a ordem das coisas na sociedade atual. Os avanços do mundo moderno, as novas configurações da vida, vestiram de roupagens novas questões antigas, como o preconceito, a desvalorização da diferença, a imposição de valores oriundos de outras culturas. Ou seja, a vida no Brasil pós-colonialista, traz marcas profundas de um momento histórico que passou, mas que segue reproduzindo seus mecanismos de exclusão, separação e dominação.

     

                O negro no Brasil é estigmatizado, isso quer dizer que em torno dele tem uma série de marcadores históricos, cheios de marcas de exclusão. As representações em torno do negro, que se traduzem como ser sujo, ser pobre, ser feio, ser bandido, ser burro etc., ainda imperam em nossa sociedade. Até por que numa sociedade onde os padrões, os valores são brancos, onde a beleza exaltada é branca, não teríamos lugar para outras questões em torno do negro, a não ser esta que citamos acima. A questão também é que o preconceito, a discriminação, a desvalorização, a exclusão ocorre nos bastidores, de uma forma muito velada, o que impossibilita muitas das vezes qualquer possibilidade de mudança.

     negros

                Quando se trata de negro e gay, os estigmas ficam um pouco pior – por que numa sociedade heteronormativa, onde os valores culturais são predominantemente brancos, pode-se dizer que a exclusão é dupla, por ser negro e gay.  O contexto gay no Brasil particularmente, é profundamente americanizado, elitizado e cheio de marcadores, ou sejam: o poder aquisitivo, o corpo malhado, a beleza sutil do branco, são evidenciados de forma excludente nos locais gays. 

     

                Tais aparatos de exclusão foram construídos socialmente, existe um histórico por traz disso tudo. Foram uma série de fatores que contribuíram para essa postura diante das diferenças. Até por que em nosso país, as coisas de negro ficaram sempre deixadas em segundo plano e sempre muito estigmatizadas, quando não demonizadas.  

     

                Há uma imposição do que é bonito, a cultura dominadora influenciada pelos  padrões brancos e americanizados, bem como pelo histórico de discriminação e preconceito em relação a negros, define o que deve ser chamado de bonito, do que deve ser visto, desejado e contemplado. Os próprios espaços vão geograficamente segregando e ditando a ordem de quem pode e de quem não pode frequentar. São poucos os negros gays que frequentam tais espaços, os que frequentam são imbuídos de uma mentalidade esbranquiçada, bem como com um poder aquisitivo comparado aos de muitos brancos e uma determinação de se impor e se construir como pessoa em qualquer espaço, onde as diferenças se impõem. Esse empoderamento é positivo, mas ainda assim não resolve o problema, já que teria que esbranquiçar para ser aceito.

     

                Quando digo que a exclusão é sútil, é velada é por que existe no Brasil um mecanismo muito bem construído onde as coisas não são faladas, elas são estabelecidas. Um ambiente de diversão gay, pode estabelecer padrões de frequência e deixar subentendido que aquele local é destinado a um público especifico. O público especifico, pode ditar as regras de convivência, de troca, de aproximação escolhendo e definindo os pares. Tudo isso é um aparato sutil, seus efeitos é na subjetividade, já que muitas das vezes nada é dito, nada é falado.

     

                Um negro vai ter um nível de aceitação à medida que ele responde a uma politica de embraqueamento. No começo do século passado houve um movimento no Brasil, que achava que esbranquiçar era necessário para a construção etnológica do país. Isso não pegou, o país continuou com seu colorido, porém, o esbranquecimento se deu de outra forma, subjetiva. Muitos negros tiveram e ainda têm que assumir padrões, e valores do branco para ser aceitos socialmente. Se o negro é pobre, burro, mora na favela, na periferia – isso é por que ele é negro. Se o negro é rico, estudado, mora bem, veste bem, ele passa a ser aceito, por que está revestido de um aparato (rico, estudado e mora bem) que socialmente constituído, é branco.

     

     

     

                Fora isso tem questões peculiares de região para região, em Goiânia é visível a pouca presença de negros gays nos espaços, sobretudo nos espaços mais elitizados, isso não é por que eles não existem, mas sim por que economicamente são impedidos. Os que vão, vivem o velho dilema da Casa Grande e da Senzala, ou seja: no escuro o negro serve, por que ninguém vê, mas no claro não dá, por que se tem medo, do que as pessoas vão falar.
                O preconceito, a discriminação ainda é um dilema em nosso país. A desconstrução de tais preconceitos vai se dá a partir do momento, que dermos conta de abolir estigmas históricos e valorizarmos nossas raízes culturais. Enquanto insistirmos em exportar culturas de fora, seremos reféns da mentalidade excludente presente nessas culturas. Elas são excludentes por que não tem nada haver com nossa forma de ser, nosso jeito e estilo.

    Quando falo culturas de fora, eu estou dizendo: músicas, formas de vestir, mentalidades, tendências etc., que distanciam muito da nossa cultura brasileira. Não estou dizendo que não devemos conhecer culturas diferentes, e estabelecer com essas diálogos, trocas etc., a questão é que não fazemos trocas e diálogos, o que ocorre no Brasil é simplesmente uma desvalorização do que somos e de quem somos, e isso leva-nos a assumir como nossa culturas estrangeiras. 

     

     

    Por Patrick de Oliveira Silva

     

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