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    Home»Sem categoria»OS EUA, A DEMOCRACIA E O TERROR
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    OS EUA, A DEMOCRACIA E O TERROR

    A.C FerreiraBy A.C Ferreira30 de abril de 2013Nenhum comentário8 Mins Read
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    No episódio das bombas que explodiram no dia 19/04 durante uma  maratona  em Boston, Massachusetts, o Presidente Barack Obama foi bastante prudente e sensato, ao pedir que se evitassem julgamentos precipitados sobre o atentado.  Após elogiar o trabalho da polícia que  permitiu capturar os irmãos  Tsarnaev, Obama advertiu que algumas questões permaneciam sem resposta, dentre elas “por que dois jovens estudantes no seio de nossas cidades e de nosso país recorreram a tal violência?” numa alusão ao fato de que os dois jovens, de origem russa, já eram americanos naturalizados.

    A tragédia que abalou os Estados Unidos faz crescer em todo mundo o medo do  terrorismo. As revistas Isto É, Época e Veja publicaram  matérias que não só cobriam o fato como analisavam o risco de um atentado semelhante ser cometido no Brasil durante um dos grandes eventos esportivos que estão para acontecer.

    O modus operandi dos indivíduos e dos grupos terroristas nos deixa a todos amedrontados, mas os americanos têm razão de ter mais medo. As bombas que explodiram em Boston soam também como um alerta para que os governantes e  cidadãos americanos repensem a sua relação com o mundo. Desde que emergiu como potência hegemônica, os Estados Unidos tem lançado mão de uma política externa que utiliza tanto da influencia  pacífica da língua, da cultura e da música (soft power), quanto do uso de armas (hard power).  Em seu artigo denominado “Democracia Terrorista”, o Prof. Lucas Kerr de Oliveira, Mestre em Relações Internacionais e Doutor em Ciência Política,  registra as inúmeras intervenções americanas noutras nações no curso da História. O que se percebe é um conjunto de ações arbitrárias que sob a alegada defesa da democracia, visa prioritariamente, senão exclusivamente, interesses geopolíticos e econômicos  daquele país.  A invasão do Iraque, sob a pretensa existência de armas químicas, é um dos exemplos mais contemporâneos.  Primeiramente, os americanos  promoveram a destituição, por meios ilegais, do diplomata brasileiro José Maurício Bustani, então diretor geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). O brasileiro tinha sido reeleito, após uma gestão bem sucedida com substancial ampliação no número de países membros e vinha tentando convencer o Iraque a aderir à OPAQ. Se Bustani lograsse êxito a OPAQ teria permissão para realizar inspeções no país, para verificar a existência de armas químicas, o que jogaria por terra o argumento utilizado por Washington para invadir o Iraque. Como se não bastasse, os EUA ignoraram as recomendações da ONU contrárias à intervenção  e deram início à Guerra do Iraque.  A impotência das Nações Unidas, diante da prepotência americana,  veio a suscitar, posteriormente, o ataque de terroristas à sede da missão daquela organização em Bagdá que vitimou, dentre outras pessoas, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Durante a Guerra do Iraque as emissoras de TV americanas mostravam imagens das tropas e veículos americanos “desfilando” pelas ruas da capital iraquiana, seguidos por uma aparente multidão de iraquianos, felizes com a intervenção. Outros órgãos da mídia, não comprometidos com o governo americano revelaram que estas imagens mostravam, em ângulo fechado, os poucos simpatizantes correndo bem atrás dos tanques americanos, mas omitiam os milhares de pessoas, que protestavam um pouco mais distantes dos veículos.  Sérgio Dávila, o único jornalista brasileiro mostra os dois lados dessa realidade no seu premiado livro Diário de Bagdá. O fato é que os iraquianos queriam se ver livre de Saddam Hussein, mas também não queriam a dominação americana. O estilo valentão do presidente  George W. Bush deu o tom das ações externas e fez recrudescer um sentimento antiamericanista em diversas partes do mundo. O cineasta Michael Moore fez denúncias desta arrogância, mas ainda assim, Bush foi reeleito pelos seus compatriotas para mais uma gestão truculenta.

     

    Acostumados ao combate nação versus nação do período da Guerra Fria, os americanos não estão preparados para lidar com  situações fora desse padrão. Naquele período os Estados Unidos tiveram como oponente  a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou seja, uma nação com governo próprio e soberano, população, território e forças armadas.  Tanto a União Soviética quanto os EUA passaram a usar da  influência político-ideológica para cooptar aliados ao redor do planeta. Entretanto, países africanos e asiáticos se reuniram, em 1955 na Indonésia, no evento que se convencionou chamar de “Conferência de Bandung” e deram origem ao Movimento dos Países Não Alinhados.  Esse movimento  veio marcar uma posição de eqüidistância das duas potências polarizadoras e externar o desejo de não sujeição às suas políticas imperialistas.

    Já na Guerra do Vietnã, ficou evidenciada a dificuldade de os EUA combaterem um inimigo que se utiliza de métodos não convencionais de enfrentamento.  A tática de guerrilha dos vietcongs impôs severas baixas às tropas americanas.  Quando estas perdas começaram a se fazer sentidas, os cidadãos dos EUA foram às ruas pedir o fim da guerra porque muitos dos seus filhos estavam morrendo em combate. Estes protestos não se fizeram escutar ou não foram tão veementes,  enquanto seus filhos estavam no Vietnã matando filhos de outros pais. Com o esfacelamento da URSS, não restam países com arsenal militar que se equipare ao americano e isso faz com que os inimigos busquem formas de luta que lhes dê alguma chance ou mesmo vantagem.  Na Guerra de Iraque grupos de resistentes contrários à dominação dos EUA se utilizaram de táticas de guerrilha para atacar e matar soldados americanos. Mais uma vez, os americanos que antes não se mobilizaram para impedir a ofensiva no Iraque,  protestaram ruidosamente quando seus filhos começaram a morrer no front. A versão de que bravos soldados lutando pela democracia estavam sendo covardemente atacados pelos inimigos, mostrada no filme “Guerra ao Terror” não se manteve por muito tempo. Logo vieram à tona as torturas cometidas em Abu Ghraib,  os excessos cometidos,  noutras partes do Iraque, por soldados americanos  e pelos mercenários da Black Water, uma empresa contratada como tropa auxiliar na operação de guerra. 

    No passado, a existência de um estado forte e comunista como a União Soviética serviu de pretexto para a ofensiva soft e hard power dos EUA, supostamente em nome da democracia e do mundo livre.  Hoje, a ação criminosa dos terroristas serve de  justificativa para uma estratégia de expansão política e econômica daquele país, camuflada com uma luta do bem contra o mal.  E nessa luta que tem no terrorismo  um dos seus alvos, os americanos terminam por instigar e retroalimentar as forças que antagoniza.  Como alguém que luta contra uma grave doença virótica tomando doses fortes de um remédio que mata parte dos vírus, mas fortalece outros ajudando a que eles se tornem cada vez mais resistentes ao medicamento e voltem a atacar com mais força. 

    Na fala de Obama  está embutida uma surpresa ante o fato de os jovens serem naturalizados e mesmo assim terem atacado cidadãos do país que os acolheu.  Volta à tona o antigo Mito de Igor, uma lenda urbana da época da Guerra Fria, segundo a qual, Igor era um russo criado desde criança nos EUA, como cidadão americano, mas sujeito a algum tipo de lavagem cerebral para se tornar o espião perfeito da URSS quando se tornasse adulto.  A lenda que inspirou o roteiro do filme “Sem Saída” com Kevin Costner, nunca se comprovou verdadeira, mas na época alimentava o medo. Pode ressurgir agora como uma possível explicação para a “traição” perpetrada pelos irmãos Tsarnaev, que mesmo que tenham agido sozinhos teriam sido inspirados pelo ideário terrorista.  Qualquer que seja a conclusão que se chegue quanto à motivação dos dois irmãos  permanece a necessidade de o governo e povo  americanos revisarem sua política de relações internacionais, repensarem o modo como se posicionam perante o mundo e as demais nações. Até que ponto uma potência econômica e militar como os EUA, de forte espírito beligerante, com um histórico de permanente ingerência em diversas partes do mundo é apenas vítima dos acontecimentos e não protagonista? Sofrem apenas ação ou reação? O terrorismo, sob a forma divulgada pela mídia e conhecida pela sociedade, isto é,  praticado por indivíduos e organizações que agem na clandestinidade semeia o pavor e causa destruição. Mas, são igualmente destrutivas e nocivas à paz mundial, as práticas abusivas e autoritárias de que uma nação se utiliza e que configuram o chamado  Terrorismo de Estado. A nação que detém  o status de supremacia bélica, com um poder dissuasório sem igual no mundo, precisa aprender a fazer uso da diplomacia e incorporar,  na sua política externa, não só no discurso, mas de fato, na prática, os princípios e valores democráticos que diz defender.

    A.C. Ferreira – Administrador, Especialista em Política e Estratégia, Especialista em Relações Internacionais

    links relacionados:

    Democracia Terrorista:

    http:// www.cacos.ufpr.br/obras/Lucas_Kerr_Oliveira_democracia_terrorista.doc

    Guerra do Iraque:

    http://veja.abril.com.br/010502/entrevista.html

    http://jus.com.br/revista/texto/21678/direito-e-diplomacia-internacional-embaixador-jose-mauricio-bustani-o-brasileiro-que-poderia-ter-evitado-a-guerra-do-iraque

    http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI39305-9531,00-INTEGRA+DA+ENTREVISTA+COM+SERGIO+DAVILA+O+UNICO+REPORTER+BRASILEIRO+EM+BAGD.html

    http://www2.metodista.br/unesco/GCSB/diario_bagda.pdf

    http://www.pluricom.com.br/forum/notas-sobre-o-jornalismo-a-pauta-ferida-de-morte

    http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/media/10%20-%20guerra%20da%20mentira.pdf

    http://www.diplomatique.org.br/edicoes_especiais_editorial.php?id=9

    diplomacia eua hard power soft terrorismo
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    A.C Ferreira

    Nascido e criado no bairro proletário da Liberdade em Salvador/BA, Administrador, com especializações em Política e Estratégia pela Universidade do Estado da Bahia e em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Bahia, cidadão do mundo, conhece 22 países, fala inglês, espanhol e francês.

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