O Cinema Baiano (ou o cinema feito por realizadores da Bahia, como prefiram alguns) teve um grande ano. Em 2015, jovens cineastas receberam reconhecimento por grandes obras, principalmente ligadas a questões raciais, enaltecendo a cultura de matriz africana em uma cidade com Salvador, com forte raízes do continente negro. Neste Top Five, podemos destacar doc e curtas com presença femininas, de mulheres negras fortes que injetaram muito profissionalismo, capricho, dedicação e qualidade em seus trabalhos. O resultado pode acompanhar nos traillers abaixo. Confiram!
Cinzas
Teaser | Lançamento do Cinzas | 12 de dezembro | Sala Walter da Silveira | 18h30 | from TELA PRETA on Vimeo.
“Acreditamos que a temática racial no filme é tão importante quanto a autonomia da voz. Sabemos falar por nós mesmos, e isso é Cinzas”, disse a diretora do curta-metragem Cinzas, Larissa Fulana de Tal (´Lapís de Cor´), que lotou a Sala Walter da Silveira, em Salvador, no último sábado (12), data do seu lançamento. O curta é baseado no conto homônimo do escritor Davi Nunes, e tem como protagonista Toni (Guilherme Silva), estudante universitário, que trabalha como operador telemarketing, que diariamente, anda em ônibus lotado, salário atrasado, exploração no trabalho, descrença nos estudos, falta de grana, contas vencidas, polícia e solidão, ou seja, realidade de muitos pretos favelados do país. Uma obra produzida por jovens negros do Coletivo Tela Preta, recebeu elogios durante o Festival Latinidades Afrolatinas, no CineBrasília, em julho deste ano.
Orun Ayiê
Teaser – Órun Àiyé: A criação do Mundo from Estandarte Filmes on Vimeo.
Premiado no Festival Internacional Brasil Stop Motion de 2015 na categoria Novos Talentos, o curta-metragem Orun Ayiê conta o mito da criação recheada de simbolismos da cultura afrobrasileira, na figura central o griôt – narrador das lendas envolvendo deuses africanos. Um belo filme realizado pelas cineastas baianas Jamile Coelho e Cíntia Maria e grande equipe da Estandarte Produções. Em 25 mil fotografias, técnica básica utilizada nas animações em Stop Motion, o curta emociona pela beleza, sensibilidade e simplicidade das historias cruzadas entre o Orun e o Aiyê. O filme ainda recebeu contribuições luxuosas como a música de Carlinhos Brown, as vozes de João Miguel, Fabio Santana e Jorge Washington e os grafites de Eder Muniz.
O Dia de Jerusa
Esse foi produzido e filmado na capital paulista, mas tem DNA baiano. Tudo acontece em vinte minutos. O encontro entre duas gerações, uma jovem e uma senhora, tendo o bairro do Bixiga, em São Paulo. Uma reflexão sobre a velhice e a solidão é a tônica do curta O Dia de Jerusa, nele a cineasta baiana Viviane Ferreira faz homenagem a transmissão de histórias, passada de geração para geração, base matriz da cultura afrobrasileira. No elenco, a veterana atriz Léa Garcia (Jerusa) e a jovem Débora Marçal (Sílvia). O filme foi selecionado para integrar a programação da mostra de curtas-metragens (Short Film Corner), na edição 2014 do Festival de Cannes e muito elogiado pela crítica.
Estranhos
Ambientado em diferentes regiões da capital baiana, como o Subúrbio Ferroviário, a Estação da Lapa e a Vila Brandão, logo se vê nas imagens aéreas que iniciam o filme -, que o enredo principal gira em torno de cinco relações intensas. Talvez seja esse o motivo do nome Estranhos. Tendo como ponto de partida a paixão platônica do sonhador Luiz (Jackson Costa) por Flor (Mariana Muniz), uma ex-prostituta casada com o violento Valmir (Caco Monteiro). Os núcleos vão se cruzando entre coincidências e fortes relações. Vale a pena conferir as atuações de Ângelo Flávio, Tânia Toko, Luiz Pepeu, Jussara Matias, Joilson Oliveira e grande elenco.
Benção, Mâe Stella
Filme completo
O documentário dirigido por João Lins e Maria do Socorro Carvalho homenageia a escritora e livre pensadora Stella de Azevedo, Mãe Stella de Oxossi, yalorixá e imortal da Academia de Letras da Bahia. A obra amplia a voz da escritora por meio dos seus próprios textos publicados em livros e em artigos para jornais. O vídeo foi exibido pela primeira vez na abertura do Encontro de Leitura e Literatura da Uneb (Elluneb) seus filhos e admiradores podem assistir a sabedoria deste mantenedora da sabedoria e da tradição ancestral.
A numeração da lista não equivale a classificação.*
