Na sua primeira versão online, o XVI Panorama Internacional Coisa de Cinema traz pelo menos 14 filmes que abordam temáticas negras. São longas e curtas, produzidos na Bahia e em outros estados brasileiros, e também em Moçambique e na França. Com acesso totalmente gratuito, o festival começa nesta quarta-feira (24/2) e segue até o dia 3 de março.

Todos os filmes do Panorama serão disponibilizados à 0h do dia programado e permanecerão acessíveis por 24 horas. Para assistir, basta fazer um cadastro no site do festival (xvi-panorama.coisadecinema.com.br/minha-conta). Os debates das competitivas nacional e baiana serão transmitidos pelo canal do Panorama no Youtube (/www.youtube.com/channel/UCw-eczBx4cL4QrO0Vs3LjDw).
Uma realização da produtora Coisa de Cinema, o XVI Panorama Internacional Coisa de Cinema tem apoio financeiro do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Confira os filmes destacados:
25/02
Joãosinho da Goméa (Competitiva Nacional) – Janaína Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra | RJ | Documentário | 14 min
Sinopse: o filme apresenta Joãosinho da Goméa como narrador principal de sua história. Com músicas cantadas por ele, performances provocadoras e arquivos diversos que ressaltam o quanto ele é importante para as religiões de matriz africana. A Rainha Elizabeth II disse que se o candomblé tivesse um rei, esse seria Joãosinho da Goméa, o Rei do Candomblé.
Ventania no Coração da Bahia (Competitiva Nacional) – Tenille Bezerra | BA | Documentário | 25 min
Sinopse: com uma tradição que remonta ao ano de 1641 a Festa de Santa Bárbara atravessa como ventania os séculos na cidade de Salvador. Tendo sua origem ligada a um mercado popular na região do cais do porto, em Salvador a festa de Santa Bárbara é também a festa de Iansã, Oyá, Matamba, Bamburucema, forças e energias dos cultos africanos que na Bahia plantaram definitivamente seus Axés. Hoje, mais de 300 anos depois, mantemos a tradição de festejá-las no dia 04 de dezembro. Um passeio por imagens de arquivo dos últimos 15 anos da festa do mercado de Santa Bárbara nos revela uma Bahia de força e mistério, amor e devoção, celebração da coragem e insubmissão de Oyá e Santa Bárbara, as santas guerreiras que abrem, com suas espadas, o calendário de festas populares da Bahia.
26/02
Dorivando Saravá, o Preto Que Virou Mar (Competitiva Baiana) – Henrique Dantas | Documentário | 86 min
Sinopse: ele foi o primeiro a cantar os Orixás e a introduzir o Tempo do Candomblé na música popular brasileira. Desafiou a própria morte ao se entregar nos braços de Iemanjá e – Obá de Xangô consagrado que era – Dorival Caymmi não morreu. Virou mar.
Tudo Que é Apertado Rasga (Competitiva Baiana) – Fabio Rodrigues Filho | Documentário | 27 min
Sinopse: na tentativa de forjar uma ferramenta capaz de operar o corte por justiça, este filme retoma e intervém em imagens de arquivo, reestudando parte da cinematografia nacional à luz da presença e agência do ator e da atriz negra.
Capécia (Competitiva Baiana) – Állan Maia | Ficção | 9 min
Sinopse: vivemos em uma sociedade onde através de uma ditadura racista e hegemônica a subjetividade colonizadora nos oprime e nos molda, mas chegou a hora de nos rebelar!
27/02
5 Fitas (Competitiva Nacional) – Heraldo de Deus e Vilma Martins | BA | Ficção | 15 min
Sinopse: em Salvador, todo ano acontece a grande e tradicional festa para Senhor do Bonfim, onde fiéis, turistas e foliões, peregrinam até a famosa igreja para amarrar fitas e fazer pedidos. Dois irmãos, Pedro e Gabriel, ouvem desde cedo as histórias e rezas de sua avó ao Senhor do Bonfim e decidem fugir no dia da lavagem, se aventurar entre a multidão, para tentar pedir por uma bola de futebol, já que cresceram sem uma figura paterna. Lá confrontam as narrativas de sua avó, com a lavagem atual, trazendo questões sobre religiosidade, sincretismo, manifestação popular, e importância da família. Informações adicionais: selecionado para o Toronto Black Film Festival 2021 (Canadá).
Bembé do Mercado – 130 Anos (Competitiva Baiana) Danillo Barata e Thaís Brito | Documentário | 60 min
Sinopse: em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, a palavra “Bembé” designa genericamente “Candomblé” e, assim, na linguagem local, “Bembé do Mercado” significa o Candomblé que é realizado anualmente por um conjunto de terreiros no Largo do Mercado desta cidade, celebração da qual participam diversos outros centros de culto sediados da região do Recôncavo Baiano, em Salvador e também de outros estados do país.
01/03
Memórias Afro-atlânticas (Competitiva Nacional) – Gabriela Barreto | Documentário | 76 min
Sinopse: Memórias Afro-Atlânticas segue os passos do linguista afro-americano Lorenzo Turner em suas pesquisas conduzidas na Bahia no início dos anos 40 em terreiros de candomblé de Salvador e do Recôncavo. Turner produziu preciosos registros em áudio e fotografias, retratando a experiência linguística e musical de diversas personalidades religiosas. Apresentando imagens e sons raros, o documentário revisita terreiros de candomblé registrados por Turner em busca de memórias e remanescentes vivos.
02/03
Voltei! (Competitiva Nacional) – Ary Rosa e Glenda Nicácio | BA | Ficção | 74 min
Sinopse: As irmãs Alayr e Sabrina estão ouvindo no radinho de pilha o julgamento que pode mudar os rumos de um país “sem energia”. Elas são surpreendidas por Fátima, a irmã que volta dos mortos para confraternizar nessa noite histórica.
Filhas de Lavadeiras (Competitiva Nacional) – Edileuza Penha de Souza | DF | Documentário | 22 min
Sinopse: “Filhas de Lavadeira” apresenta histórias de Mulheres Negras que graças ao trabalho árduo de suas mães puderam ir para escola e refazer os caminhos trilhados pelas suas antecessoras. Suas memórias, alegrias e tristezas, dores e poesias se fazem presente como possibilidades de um novo destino. Transformando o duro trabalho das lavadeiras em um espetáculo de vida e plenitude.
Informações adicionais: premiado como melhor curta no 25ª edição do Festival É Tudo Verdade. O filme é o último registro audiovisual com a atriz Ruth de Souza, que faleceu em julho de 2019.
Sobre Nossas Cabeças (Competitiva Baiana) – Susan Kalik e Thiago Gomes | Ficção | 15 min
Sinopse: Cícero perdeu seu irmão para o ódio racial. Agora, seu cunhado quer salvá-lo do mesmo destino, levando-o à força para outro lugar.
Facão (Competitiva Baiana) – Camila Hepplin | Ficção | 22 min
Sinopse: um jovem reservado e solitário, passando por um momento de dificuldade, se arrisca em pequenos delitos para sobreviver. Ao assaltar Pietra, uma jovem apaixonada por cinema, tem sua vida transformada pelos filmes que encontrou na mochila roubada.
Sankara n’est pas mort (Competitiva Internacional) – Lucie Viver | França | Documentário | 109 min
Sinopse: após a revolta popular de Burkina Faso em outubro de 2014, o jovem poeta Bikontine começa a questionar seus sonhos de buscar uma vida melhor no Ocidente. Ele decide ir ao encontro de seus concidadãos ao longo da única linha ferroviária do país. De sul a norte, por meio de cidades e vilas, ele aprende sobre seus sonhos e decepções, confrontando sua poesia com a realidade de uma sociedade em rápida mudança. Sua jornada acaba revelando o legado político duradouro do célebre ex-presidente Thomas Sankara, assassinado em 1987 e conhecido como o “Che Guevara africano”.
Woman (Competitiva Internacional) – Raúl de la Fuente Calle | Moçambique | Documentário | 20 min
Sinopse: em Moçambique, o caso de Josina Machel, filha do primeiro presidente, mostra que a violência de gênero não faz distinções entre classes sociais. Outras mulheres sofrem terror todos os dias, sem meios de se defenderem. O gênero delas define-nas desde o nascimento, a sociedade quer que elas cedam, a violência masculina as mata.